quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O tema é mar






Na livraria Ror de Livros, todos os meses destacamos um tema. Neste mês de setembro, o tema é o mar. Aveiro, terra de ria e mar. “Mar, descobertas, África, ora África…” Bem não quero imitar o Carlos Pinto Coelho, mas a ideia é mesmo descobrir livros à volta do mar e, descobrindo livros, descobrir a livraria. Assim, para começar com um aveirense, temos uma edição de “A arte da guerra do mar”, do Padre Fernão de Oliveira, uma edição de capas cartonadas, do Arquivo Histórico da Marinha.

O tema dos Descobrimentos está muito presente (até ao catálogo da Expo 98), quer seja com clássicos de Luís de Albuquerque, quer seja com biografias como a de “Fernão de Magalhães”, por Stefan Zwig. Mas se se trata de mar, nada como ler e ver a “Encyclopedia pela Imagem” da Lello, no seu fascículo sobre o mar. Mais raro será um “Manual de Navegação” com páginas e páginas de cálculos. Só mesmo para especialistas. Quem diz mar, diz bacalhau. Ok, por curiosidade, temos um relatório da década de 40 do Grémio do Bacalhau. Nessas décadas, andava o Argus pela Terra Nova e o Allan de Villiers rodava o célebre documentário sobre a embarcação. Não temos o documentário, mas temos uma antologia de contos do mar organizada pelo Villiers. Claro que lá está um conto de Conrad. Mas se gosta de Conrad e de aventuras no mar, leia antes “Lord Jim”.

Não há sítio para aventuras como o mar. Se se tratar de baleias, vem logo à memória Moby Dick, escrito pelo bisavô do cantor Moby (sim, o Moby de “Why does my heart feel so bad” é trineto ou algo assim de Herman Melville, daí que a sua careca se assemelhe a uma baleia – isto já sou eu a derivar). Se preferir o documentário à ficção, temos “Baleia! Os baleeiros dos Açores”, de Bernard Venables (ed Peter Café). Para conhecer os Açores, temos o pesadíssimo “Livro das paisagens dos Açores” e já nem aponto Nemésio ou Onésimo, Antero ou João de Melo. Temos livros deles, mas nem os selecionamos para o tema do mar.

Falar destas descobertas e não falar do Infante D. Henrique, não faz sentido. Por isso, temos duas julgo que raridades sobre o Infante D. Henrique: as palestras que Henriques Lopes de Mendonça e Vicente Almeida d’Eça deram no quinto centenário do nascimento do Infante, no final do século XIX. Edições da época. Assinadas pelos autores. Coisas raras (e das mais caras que temos na loja). Henriques Lopes de Mendonça, já agora, é autor da letra do hino nacional, escrito numa altura de quase guerra com os ingleses. Por falar em guerra e mar, temos livrinhos sobre as marinhas do Japão e da Inglaterra durante a II Guerra Mundial. E por falar em ingleses, guerra e açores, vem-me à memória o filme “Gavião dos Mares” (eu sei, é forçado). Temos na livraria uma secção de cinema e dela retiramos um livro sobre Errol Flynn, que protagonizou o filme “Gavião dos Mares”, um dos melhores de sempre de “capa e espada”. Claro que Errol Flyn, ao serviço de Isabel, contra a Espanha (que nessa altura tinha absorvido Portugal) era um bocado sacana. Mas isto foi só para dizer que aprendi num livro sobre os descobrimentos portugueses, por mar, claro, que a palavra sacana veio do Japão para Portugal. Em japonês significa peixeiro. Está em “Os descobrimentos portugueses”.

Jorge Amado tem um livro que se chama “Mar Morto”. Demasiado óbvio para a seleção. Vai daí, escolhemos “Chamado do Mar”, de um outro brasileiro. Quem? James Amado. Mas quem é este escritor? É irmão de Jorge Amado. Grande descoberta.

Há muitos mais livros sobre o mar… “A praia roubada”, de Joanne Harris, “A Ilha das Trevas”, de José Rodrigues dos Santos, as “Histórias do Mar do Sul”, de Somerset Maugham, as aventuras de Júlio Verne, as de Guliver, etc. Estes estão lá todos. Mas há um livro que gostei especialmente de encontrar para esta seleção: “Fernão Capelo Gaivota”. Passa-se no ar e no mar. Todos conhecemos aquela edição da Europa-América. A que temos é anterior, traduzida por António Ramos Rosa, nas edições Moraes.

Mergulhe na leitura. Praia e livros não faltam.

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